28 jun Santa Maria, Pinta, Nina e o Titan
Por Fernando Saldanha
A frota de Cristóvão Colombo era composta por três embarcações: a Santa Maria, a Pinta e a Nina. O submergível que foi implodido na semana passada tinha o nome de Titan. Colombo teve sucesso, enquanto o Titan acabou implodindo. Antes do sucesso de Colombo, inúmeras embarcações naufragaram na tentativa de cruzar o Oceano Atlântico, e muitas outras naufragaram posteriormente.
Hoje, pouquíssimas pessoas embarcariam em uma caravela para cruzar os mares. No entanto, a frota de Cabral, que partiu de Portugal em 1500, levava uma parcela significativa da população masculina de Portugal (algo próximo a 0,5% da população masculina ativa). Naquela época, embarcar em uma caravela não era considerado uma extravagância. Hoje, com certeza, seria considerado temerário embarcar em uma ‘casca de noz’.
A percepção de risco possui um viés cultural que varia com o tempo e o espaço. O que consideramos um risco inaceitável pode ser considerado aceitável em algum outro lugar, ou já pode ter sido considerado aceitável.
A civilização avança quando reduzimos o risco, quando diminuímos nosso desconhecimento e nossas incertezas. As grandes navegações foram um sucesso porque os navegadores do final do século XV tinham à sua disposição conhecimento dos ventos e correntes marítimas, e novas técnicas de navegação. As incertezas haviam sido reduzidas.
Gerenciar risco é ampliar nosso conhecimento sobre o que pode ser gerenciado, reduzindo as incertezas. O risco de um acidente acontecer nunca será zero em qualquer atividade. Trabalhamos para reduzir a possibilidade de um acontecimento adverso, mas nunca haverá um risco zerado.
O gerenciamento de risco, quando trabalhamos em um ambiente conhecido, é determinado por leis, normas e boas práticas. Quando trabalhamos em um ambiente desconhecido e inovador, o gerenciamento de risco é pautado por nossos valores pessoais e pelos valores da sociedade. Somente após haver um conhecimento acumulado é que normas e padrões são estabelecidos.
O Titan navegava nesse meio, entre o ambiente novo e desconhecido e o ambiente regulado e normalizado.
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